Porque Terapia Familiar Breve

Ao consideramos que a problemática do indivíduo reside no seio da família, e de que todos os seus integrantes colaboram na sua criação, não há a menor dúvida de que a terapia familiar deve ser a eleita para uma abordagem inicial de uma patologia apresentada por um dos membros da família.
Como a família evolui por etapas, conduzida pelo(s) filho (s), desde o seu surgimento (quando nasce o 1º filho), passando pela infância, adolescência, ”ninho vazio” (saída dos filhos de casa) envelhecimento e morte dos pais, em cada uma dessas etapas ela vive uma “crise” natural de transformação. Quando a família não consegue realizar essa “crise”, surgem, através de um dos seus componentes, sintomas que à uma leitura sistêmica ( a família é um sistema de forças) evidencia que existe uma crise oculta naquela organização familiar. Essa crise oculta constitui o que chamamos de conflito nodal, que representa o foco sistêmico, o foco terapêutico, sobre o qual vamos atuar. Na medida em que conseguimos identificar esse alvo a terapia familiar pode ser breve e efetiva.

Assim, criei em julho de 1992, na Núcleo-Pesquisas, o modelo sistêmico-vivencial de terapia familiar breve. Ele surgiu de minha crença na necessidade de criar e pesquisar formas terapêuticas que abreviassem o custo do tratamento, apresentando propostas e soluções objetivas para a resolução do impasse existente, onerando menos as famílias em tempo ou dinheiro, ou as instituições que contribuem para o seu tratamento. Meu intuito foi o de trazer uma contribuição ao campo das técnicas psicoterápicas que lidam com a patologia mental, apresentando uma forma de intervenção breve e intensa que abarque não só a família, mas também oferecendo e formando psicoterapeutas nessa nova técnica de modo que eles possam atuar como agentes propagadores.

A denominação desse modelo como sistêmico-vivencial configura nossa ideologia- sistêmica – uma vez que adotamos o paradigma que considera o ser humano inserido no mundo das relações, no qual estimula e é estimulado pelo outro, colocando-o numa perspectiva objetiva, real e vivencial, que valoriza o encontro humano e procura no decorrer da sessão uma mobilização emocional que integre o corpo e a mente de modo a produzir uma transformação no sistema.

A duração do tratamento é de nove meses, o qual compreende nove sessões, de 1 hora cada, Até o momento, maio de 2015, já atendemos 500 famílias e casais, com resultados consideráveis em 75% dos casos, o que nos anima a continuar com essa técnica.
Esse modelo desdobrou-se em dois outros: a grupoterapia individual sistêmica e a grupoterapia multifamiliar breve.