Terapia Familiar sistêmica: Do indivíduo à família

A terapia familiar surgiu, pode-se dizer como uma resposta às terapias prolongadas, que procuravam produzir no paciente, através da exploração do seu passado, uma transformação na personalidade, acreditando que poderiam imunizá-los para os diferentes momentos da sua vida. Com ela, o foco da atenção terapêutica deixa de incidir no individuo e passa a iluminar o interior de um sistema de forças – a família onde ele vive e de onde nunca vai sair. Pelo fato de propor essa troca do ângulo de visão, do individual para o familiar, ou do intrapsíquico para o sistêmico-relacional, traz implícita a intenção de produzir maior eficácia terapêutica num menor espaço de tempo.

A família é a força maior que comanda as nossas vidas. Precisamos entender que o desenvolvimento do indivíduo se dá na família e será marcado de acordo com cada etapa que estiver atravessando: infância, adolescência, idade adulta, velhice e morte - o que nós denominamos de ciclo vital.

É interessante e estranho que esqueçamos de que nascemos, crescemos e morremos em alguma forma de família. Ao convivermos diariamente com a nossa família ela passa a fazer parte dos moveis e utensílios da casa, tornando-se assim invisível. No entanto, aparece em momentos significativos: nascimento, batizado, aniversários, casamento, divórcio e morte.

Nenhuma história começa hoje, ela já se iniciou um dia. Fazemos parte de um sistema, de uma engrenagem em que cada um joga o seu papel influenciado pelo outro no tempo presente e recebendo, ao mesmo tempo, a carga da história familiar do passado.

Mesmo que a doença apareça num indivíduo, ele está exprimindo que aquele grupo familiar está em crise. Ele é o que chamamos de “bode expiatório”, na medida em que denuncia e, ao mesmo tempo, encobre a problemática familiar.

Assim, a família torna-se o lugar ideal para intervenções terapêuticas que procurem redistribuir a carga colocada em um dos membros para todos os seus integrantes, de modo que cada um assuma a sua parcela de responsabilidade na questão apresentada.